MECANISMOS DE FUNCIONAMENTO
exercício de expressão com pouco ou nenhum compromisso no que diz respeito à lógica e à coerência.
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17.10.07
E o mais engraçado é que o ponto final foi colocado por desistência. Desistência da minha parte, claro, já que você - embora não tenha sido honesto o suficiente pra mandar a real e dizer tudo claramente - já tinha desistido há muito tempo. Mas você tinha razão em fingir que nada acontecera, já que aquilo sequer deveria ter começado.
Vou te dizer o que me deixa puta, hoje em dia, quando penso no fato: suas mentiras.
Você mentiu pra caralho. Nada daquelas mentiras comuns, do tipo “não, não tenho saído com ninguém”. Não ligo pra esse tipo de bobagem, nunca liguei. Suas mentiras eram piores. Muito mais torpes, muito, muito mais baixas. Ficavam na linha do “ainda gosto de você”.
Manja aqueles iô-iôs de silicone que viraram febre um tempo atrás? Que você puxa pra si com violência, dá um tapa pra repelir, puxa violentamente de volta, repele mais uma vez, e assim sucessivamente? Foi o que você fez comigo.
Claro que eu não enxerguei dessa maneira na época, ou teria - perdão pela grosseria, mas me conheço e seria bem assim mesmo - te mandado tomar no cu. Sem meias-palavras, porque eu sempre fui a parte sincera da dupla. Você só mentia.
Você ainda lembra das suas desculpas pra não me ver? Dizia que não queria sofrer e blá, blá, blá. Era estranho você dizer que gostava de mim e em seguida emendar com um “mas não quero te ver pra não sofrer”. Isso me faz levantar duas hipóteses:
1) Eu tenho um quê de torturadora que te fazia sentir ímpetos de me pedir pra derramar cêra quente nas suas costas, enfiar agulhas sob suas unhas e te deixar imobilizado por 24 horas sob uma goteira; ou
2) Você gostava tanto, mas tanto de se fazer de vítima, era tão apegado à sua mania de bancar p sofredor que se permitir alguns momentos de diversão comigo ia contra essa sua postura choramingas.
Mas não era nada disso. O que você nunca teve foi coragem pra falar sério comigo e dizer, numa boa, que eu não era o que você pensava ou qualquer coisa assim. Isso eu teria entendido e superado bem rápido.
Porra, que tipo de trouxa eu era pra não enxergar, nessa desculpinha mais furada que peneira de garimpeiro, o “não quero nada contigo” que estava implícito? Que tipo de idiota eu fui?
O pior tipo: a trouxa apaixonada. Puta palavra piegas, mas é verdade. Fazer o quê?
Mas acho que eu tive sorte, de todo modo. A cada vez que você me atraía com aquele seu jeito irresistivelmente adorável e depois me repelia com um draminha ridículo - do qual eu deveria rir, mas que me deixava muito preocupada - eu ficava com uma pessoa qualquer, numa tentativa vã de esquecer sua existência ou substituir o sentimento que tinha por você.
Placebos, placebos.
Há algum tempo eu me arrependia de ter dado atenção a boa parte delas, mas hoje em dia isso passou, em parte: eles não queriam porra nenhuma comigo, assim como você também não. Me acostumar à rejeição imediata deles me ajudou a conviver com sua rejeição lenta.
Mas respeito mais eles do que você, já que eles foram sinceros. Você me fez de palhaça. Óbvio que a culpa não é só sua. Em boa parte é minha. Se eu não tivesse deixado, se tivesse te dado logo uma dura e dito pra você parar de viadagem, se tivesse te mandado cagar ou desocupar a moita, o processo teria sido bem mais ágil.
Não tive peito pra tanto, na época. Uma pena. Assim meu sentimento por você não teria passado por todas as etapas que passou até evaporar completamente. Depois de um tempo meus pensamentos sobre você eram repletos de mágoa. Mas isso passou.
Depois eram raivosos. Mas isso também já foi embora.
Hoje em dia, ao pensar em você, só me ocorre uma coisa: não somos conhecidos, colegas, amigos… não somos nada. Eu ignoro sua existência.
Fico meio triste quando noto o que tudo virou, porque é chato que um sentimento tão bacana quanto o que eu tinha por você acabe se tornando um vácuo. Mas não sou a primeira nem a última pessoa no planeta a carregar o arrependimento por ter dado atenção demais a quem não merecia.
E posso viver com isso numa boa.